terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A Legend In My Time

If heartaches brought fame in love's crazy game,
I'd be a legend in my time.
If they gave gold statuettes for tears and regrets,
I'd be a legend in my time.
But they don't give awards, and there's no praise or fame
For hearts that are broken for love that's in vain.
If loneliness meant world acclaim,
Everyone would know my name
I'd be a legend in my time.



Johnny Cash.
tão bom viver dia a dia a vida assim,
jamais cansa
viver tão só de momentos
como estas nuvens no céu...

e só ganhar, toda a vida,
inexperiência... esperança
e a rosa louca dos ventos
presa à copa do chapéu.

nunca dês um nome a um rio:
sempre é outro rio a passar.
nada jamais continua,
tudo vai recomeçar!

e sem nenhuma lembrançadas
outras vezes perdidas,
atiro a rosa do sonho
nas tuas mãos distraídas...

mario quintana.

Carta do Ausente

Meus amigos, se durante meu recesso virem por acaso passar a minha amada peçam silêncio geral.
Depois apontem para o infinito.
Ela deve ir como uma sonâmbula, envolta numa aura de tristeza, pois seus olhos só verão a minha ausência.

Ela deve estar cega de tudo o que seja o meu amor (esse indizível amor que vive trancado em mim num cárcere mirando empós seu rastro).
Se for a tarde, comprem e desfolhem rosas à sua melancólica passagem, e se puderem entoem cantus-primus. Que cesse totalmente o tráfego e silencie as buzinas de modo que se ouça longamente o ruído de seus passos.

Ah, meus amigos, ponham as mãos em prece e roguem, não importa a que ser ou divindade por que bem haja a minha grande amada durante o meu recesso, pois sua vida é minha vida, sua morte a minha morte.

Sendo possível soltem pombas brancas em quantidade suficiente para que se faça em torno a suave penumbra que lhe apraz.
Se houver por perto um hi-fi, coloquem o "Noturno em sí bemol" de Chopin.

E se porventura ela se puser a chorar, oh recolham-lhe as lágrimas em pequenos frascos de opalina a me serem mandados regularmente pela mala diplomática.

Meus amigos, meus irmãos (e todos os que amam a minha poesia), se por acaso virem passar a minha amada salmodiem versos meus.
Ela estará sobre uma nuvem envolta numa aura de tristeza o coração em luz transverberado.

Ela é aquela que eu não pensava mais possível, nascida do meu desespero de não encontrá-la.
Ela é aquela por quem caminham as minhas pernas e para quem foram feitos os meus braços,
Ela é aquela que eu amo no meu tempo e que amarei na minha eternidade - A amada una e impretérita.

Por isso procedam com discrição mas eficiência: que ela não sinta o seu caminho, e que este, ademais ofereça a maior segurança.
Seria sem dúvida de grande acerto não se locomovesse ela de todo, de maneira a evitar os perigos inerentes às leis da gravidade e do momentum dos corpos, e principalmente aquele devidos à falibilidade dos reflexos humanos.
Sim, seria extremamente preferível se mantivesse ela reclusa em andar térreo e intramuros num ambiente azul de paz e música.

Oh, que ela evite sobretudo dirigir à noite e estar sujeita aos imprevistos da loucura dos tempos.
Que ela se proteja, a minha amada contra os males terríveis desta ausência com música e equanil.
Que ela pense, agora e sempre em mim, que longe dela ando vagando pelos jardins noturnos da paixão e da melancolia.
Que ela se defenda, a minha amiga, contra tudo que anda, voa, corre e nada; e que se lembre que devemos nos encontrar, e para tanto é preciso que estejamos íntegros, e acontece que os perigos são máximos, e o amor de repente de tão grande tornou tudo frágil, extremamente, extremamente frágil.




Vinicius de Moraes.